Um dos grandes desafios da inovação é conseguir recursos para a execução de seus projetos. O risco inerente a este tipo de empreitada dificulta a alocação de capital próprio da organização ou empreendedor, em detrimento de outras necessidades operacionais e de retorno financeiro mais provável.
Ao buscar fontes de fomento à inovação (sejam elas privadas ou públicas) é importante lembrar que vários projetos estarão em disputa por um montante limitado de recursos. Os projetos melhor avaliados pelas agências ou investidores são os que enfrentarão desafios tecnológicos reais. Entretanto, o sucesso desdobrará em grande impacto social, uma grande solução mercadológica e, consequentemente, um negócio de grande viabilidade.
Além dos critérios explícitos dos fomentadores de inovação, há uma série de critérios implícitos que influenciarão na avaliação dos projetos. Critérios implícitos geralmente estão ligados ao posicionamento estratégico da agência de fomento e às necessidades da sociedade local.
Podemos exemplificar com uma agência de fomento fictícia que tem a missão de elevar o nível de qualidade de vida local por meio da tecnologia, esta região por sua vez sofre de problemas de saneamento básico, automaticamente, projetos que atendam a todos os critérios explícitos serão melhor avaliados ao apresentarem soluções tecnológicas para problemas de saneamento.
Além destes fatores, geração de emprego, arrecadação de impostos e fomento do mercado local são geralmente bem vistos também.
Quais são os critérios de avaliação para projetos de inovação
Cada fonte de recursos tem sua própria metodologia de análise e qualificação dos projetos submetidos, mas alguns aspectos são considerados importantes por todas, como a capacidade técnica da equipe envolvida, os estudos e dados reais de mercado já feitos para comprovar a viabilidade mercadológica, a possibilidade técnica de transpor os desafios tecnológicos e a clareza com que o projeto identifica as possibilidades de sucesso e mitigação de riscos.
Um dos pilares de um bom projeto é o cronograma. Neste caso, em especial, é importante traçar etapas, metas e marcos para que o projeto seja facilmente avaliado e acompanhado durante sua execução.
Um cronograma conciso demonstrará na entrega final do projeto o negócio ou produto que será lançado ou evoluído dentro daquele espaço limitado de tempo e seus entregáveis parciais, permitindo também identificar qualquer desvio, avanços e atrasos em tempo viável.
Orçamento para projetos de inovação com foco em captação de recurso
Para apoiar e tornar real o que foi proposto no cronograma, é necessário ter um bom orçamento. Como o projeto tem recursos limitados, a ótima aplicação deles garantirá o sucesso do que foi proposto.
Todos os gastos devem estar diretamente ligados ao projeto de forma clara e objetiva, com o cuidado de não inferir valores que naturalmente são variáveis e não considerar este risco - como taxas cambiais.
O orçamento bem estruturado permite acompanhar a eficiência do projeto e ajuda a visualizar possíveis realocações de recursos durante sua execução. Este é o momento de mostrar o quão atrativo é o projeto, pelo cruzamento do que será investido e seus possíveis ganhos futuros.
Definindo o tipo de inovação do projeto
É importante entender qual o tipo de inovação que o projeto está propondo, a maneira mais tradicional - e que vai ao encontro da maioria das avaliações - é seguir o raciocínio do Manual de Oslo (OCDE), onde temos dois critérios, impacto e abrangência.
Quando falamos de impacto, a inovação pode ser uma simples melhoria - esta geralmente não recebe apoio de fomentadores - uma inovação incremental (que consiste na combinação de tecnologias ou aplicação de tecnologia conhecida, mas de forma inédita) ou uma inovação disruptiva - menos comum e a que mais se assemelha à invenção.
Em termos de abrangência, a inovação pode ser interna à organização (não há muitas fontes de recursos que apoiam este tipo de inovação), local, regional, nacional ou mundial.
Se traçarmos eixos X (impacto) e Y (abrangência), a inovação mais desejada seria a que estaria em seu extremo direito superior. Seria a inovação disruptiva mundial, mas esta realidade não é muito frequente e as inovações menos radicais podem também se beneficiar de recursos de fomento, gerar bons negócios e produtos inovadores.
Sobre o autor:
Israel Wolf é Diretor da empresa Ninho Desenvolvimento Empresarial. Formado em engenharia de computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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