Nesses tempos de coopetição vale a pena pensar um pouco em complementaridade. Mas o que deve ser isso (além de uma palavra longa)?
Todo dia estamos discursando sobre a necessidade de trabalharmos em parceria com outros playeres de mercado, que precisamos adotar a filosofia do “ganha-ganha” e que o tempo da competição sangrenta e destrutiva está substituído pela era da coopetição. Só que na prática continuamos fazendo as coisas do mesmo jeito. Ainda continuamos em nossas empresas lutando solitariamente pela sobrevivência e manutenção do mercado.
Acredito que essa dificuldade de sair do lugar comum se deve ao fato de não olharmos para as organizações e sim para os produtos que elas colocam no mercado ou para as pessoas que as representam. Quando falo em olhar para as organizações, na verdade trato do uso do Benchmarking, ferramenta de gestão que permite que identifiquemos as melhores práticas numa determinada indústria que conduzem ao desempenho superior. É com essa ferramenta que podemos identificar a competências de uma organização.
Por que nos interessam as competências das organizações?
Entendendo que as competências são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes (transposição do CHA da gestão de pessoas) que as organizações incorporaram ao seu capital intelectual e que elas geram valor real para que essas organizações se diferenciem no mercado, nosso interesse está em verificar quais são as empresas que detêm competências que não temos e poderiam, então, nos complementar.
Vejam que esse conceito de complementaridade extrapola os limites do próprio mercado e permite-nos descobrir muitas oportunidades de parcerias. Agora podemos voltar e aplicar o mesmo conceito aos produtos. Se, também, analisarmos os produtos sob essa ótica, veremos que temos muito a ganhar com integração de nossas soluções com outras que as complementam.
Uma condição inerente à ferramenta de Benchmark é que devemos aplicá-la com grande criticidade, mas a autocrítica deve ser ainda mais rigorosa. Ao nos avaliarmos devemos apegar-nos somente naquilo que somos excelentes. Procedendo assim estaremos aptos a abrir mão daquelas competências mais frágeis ou que nos tornam apenas razoáveis. Agindo assim, poderemos nos completar com outras competências excelentes dos parceiros, o que redundará em soluções de um nível superior, com grande valor agregado e com preços melhores no mercado.
Lembro que tudo parece muito fácil, mas não é! Ainda temos nossos medos e uma ideia de que compartilhar informações pode ser perigoso. Mas aprenderemos a confiar na medida em que estivermos convivendo uns com os outros e nos conhecendo melhor.
*Artigo postado originalmente no blog Pensando Alto, de Jeferson Sena, com o título "Competências Complementares"
Sobre o autor:
Jeferson Sena é sócio-diretor da Ninho Desenvolvimento Empresarial, especialista em projetos de organização e reestruturação de empresas, desenvolvimento, implementação e gestão de planejamento estratégico
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