Na economia do século 21 existe um “decreto” para o desaparecimento do emprego formal e o estabelecimento de um novo modelo de relações de trabalho. As relações de trabalho serão mais fluídas e com o mínimo de formalidades. O fim do emprego foi decretado pelo emprego das novas tecnologias e a automação dos processos produtivos.
A estabilidade das relações será baseada na capacidade de entrega de resultado que o prestador de serviço oferecer ao seu contratante, que terá a tendência de valorizar aqueles mais comprometidos com a organização e que contribuam para o seu desenvolvimento no mercado.
As empresas continuarão procurando o mesmo que desejam agora: pessoas capazes de produzir resultados e colaborar para o crescimento do negócio. Os trabalhadores, também, continuarão em busca dos mesmos objetivos: oportunidade de desenvolvimento profissional, reconhecimento, ambiente de trabalho saudável e remuneração que lhe permita uma vida de realizações.
Neste contexto, devem ocorrer duas mudanças básicas:
- A automação de processos: As tarefas rotineiras, repetitivas, atreladas a processos muito parametrizados tendem a ser automatizadas, suprimindo a necessidade de intervenção humana com o uso de recursos digitais ou de máquinas automáticas que podem ser mais eficientes na execução de tais tarefas.
- Múltiplas relações de trabalho: Naqueles trabalhos que a atuação humana seja imprescindível, as relações de trabalho devem ter uma conformação mais dinâmica em função das atividades a serem executadas. A tendência é que os profissionais estabeleçam múltiplas relações de trabalho, prestando serviços a várias organizações de forma concomitante.
Esse modelo deve causar uma ampliação dos ganhos de cada profissional e possibilitar às empresas a melhoria de produtos e serviços, dada a possibilidade de racionalização de custos e uso mais adequado dos conhecimentos técnicos disponíveis no mercado.
Como as empresas podem se ajustar ao contexto da nova economia
Tanto as empresas como os trabalhadores precisaram desenvolver uma cultura empreendedora, passando a atuar em um ambiente de riscos e competição maiores. As salvaguardas legais existentes atualmente serão substituídas por políticas de valorização das competências técnicas e relacionais.
As pessoas sentem-se muito incomodadas com ações que afetam seu modo de vida e, nas organizações, qualquer processo de mudança implica em grandes alterações nas rotinas de trabalho - o que é bastante desconfortável e custoso - mas a proposta de mudança cultural nas empresas propõe alterações que vão além dos processos com os quais lidamos.
As relações de trabalho tendem a ser mais simples e a remuneração será baseada nas entregas contratadas para períodos especificados nos contratos de trabalho. A economia do futuro deve ser uma cadeia de entrega de resultados, composta de pessoas e empresas (fornecedores) que colaboram para a solução de problemas de pessoas e empresas (consumidores).
Neste caso, a pretensão é que as pessoas mudem seu jeito de pensar, agir e a forma como veem o mundo. Mudar a cultura de uma pessoa não é uma tarefa simples e nem fácil. Agora imagine se tais mudanças envolvem várias pessoas de uma mesma organização: muitos egos e costumes serão afetados e o ambiente de trabalho estará sob grande tensão.
Como a legislação se ajusta a este novo modelo de relações de trabalho
No Brasil temos uma legislação trabalhista de caráter bastante protecionista em favor dos empregados. Originada na década de 1940, mesmo passando por diversas adaptações, ainda trata o trabalhador como alguém que precisa de suporte do governo para cuidar de suas relações de trabalho, sob o pressuposto que não consegue negociar condições adequadas com seus empregadores.
Infelizmente essa legislação não consegue regular as relações de trabalho da atualidade, onde as empresas contratam pessoas para trabalhos mais específicos, por períodos bem específicos e com um nível de transitoriedade diverso. De um modo geral, todos estão se transformando em prestadores de serviços.
O caminho mais natural é que a legislação seja alterada para suportar as novas relações de trabalho que estão sendo construídas na prática entre as partes e a revelia do governo. Acreditamos que deve haver uma brutal simplificação dos contratos de trabalho e a justiça julgará aquilo que as partes não conseguirem resolver.
Tais mudanças devem afetar bastante o Poder Judiciário, uma vez que temos uma estrutura judiciária especializada para julgamentos de causas trabalhistas e que não ficará incólume às mudanças de contexto das relações de trabalho.
Haverá perdas para os que não conseguirem evoluir para esse novo ecossistemas e ganhos para aqueles que aproveitarem as inúmeras oportunidades que surgirão.
Sobre o autor:
Jeferson Sena é sócio-diretor da Ninho Desenvolvimento Empresarial, especialista em projetos de organização e reestruturação de empresas, desenvolvimento, implementação e gestão de planejamento estratégico.
Deixar comentário
O seu endereço de email não será publicado. Por favor, preencha todos os campos.