Por que a maioria das empresas começa o ano decidindo errado

30 de Dezembro de 2025, por Ninho | Gestão Empresarial
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Existe algo naturalmente sedutor na ideia de começar um novo ano. A virada do calendário costuma trazer a sensação de que o tempo, por si só, autorizasse um recomeço. No plano pessoal, essa sensação já é conhecida. No ambiente empresarial, ela aparece com força semelhante e pode ser enganosa.Empresas não recomeçam, elas seguem operando sobre estruturas, escolhas e padrões já existentes. O que foi decidido antes continua produzindo efeitos depois da virada do ano. A diferença é que, em janeiro, parte do ruído cotidiano diminui, criando a impressão de que algo essencial mudou, quando, na prática, o sistema permanece o mesmo.

É nesse ponto que o início do ano se torna um terreno delicado para decisões relevantes. A pressão diminui, as agendas aliviam, algumas cobranças ficam suspensas. E, com isso, surge a sensação de que existe mais espaço para decidir, ajustar e avançar. O risco está em confundir essa sensação com capacidade real.

A sensação enganosa de “espaço mental” e seu efeito sobre decisões de alto impacto

Entre o fim de dezembro e o início de janeiro, muitas organizações experimentam um respiro. O ritmo desacelera, parte das urgências desaparece temporariamente e o ambiente parece mais leve.Na maior parte das vezes, porém, esse alívio não vem de uma reorganização profunda. Ele resulta da redução momentânea do fluxo.

Quando o ritmo cai, limitações estruturais aparecem menos e tensões ficam abafadas. Isso afeta a leitura que o decisor faz da própria capacidade de condução. O que antes parecia apertado pode parecer viável. Decisões importantes tomadas nesse intervalo não são testadas sob pressão, mas serão executadas em uma outra condição, quando o ritmo normal retornar.

Decidir por intenção ou decidir por leitura

Toda decisão nasce de algum lugar. Em alguns casos, nasce da leitura cuidadosa do estado atual da empresa. Em outros, nasce da intenção de alcançar um estado futuro desejado. As duas coisas não são opostas, mas a ordem entre elas importa.

O início do ano tende a favorecer decisões mais orientadas pela intenção. Há uma vontade legítima de corrigir rumos e imprimir movimento. O risco não está na ambição, mas na falta de ancoragem. Quando a decisão se apoia mais no desejo do que no diagnóstico, cria-se uma distância entre o que se pretende fazer e o que a organização consegue sustentar.

A leitura exige tempo e algum desconforto. Obriga a revisitar escolhas passadas, reconhecer padrões e aceitar limites que não desaparecem com a mudança do calendário. Ainda assim, decisões sustentáveis quase sempre nascem da leitura, não da empolgação.

O excesso de metas como armadilha silenciosa

Poucas coisas acompanham o início do ano com tanta força quanto a criação de novas metas. Projetos são lançados, prioridades se acumulam e expectativas crescem. Existe a sensação de que é preciso aproveitar o momento para avançar mais.

O decisor, muitas vezes, acredita estar sendo ousado. Na prática, pode estar ampliando compromissos além da capacidade real do sistema. Quando o ritmo normal retorna, a empresa tenta sustentar tudo ao mesmo tempo e o resultado costuma ser desgaste e frustração.

A dificuldade de revisar o que veio antes

Outro movimento comum no início do ano é olhar rapidamente para frente, deixando o passado em segundo plano. Indicadores são analisados e números são comparados, mas raramente o processo decisório que levou a esses resultados é revisitado com profundidade ou os cenários originais são realinhados.

Sem essa revisão, os mesmos padrões tendem a se repetir. O futuro é planejado sobre uma base que não foi totalmente compreendida, criando a ilusão de mudança quando, na prática, há apenas continuidade.

O início do ano poderia ser um bom momento para esse tipo de análise. Mas a pressa por projetar o futuro costuma falar mais alto e o custo que aparece mais adiante pode ser maior que o esperado.

Janeiro não muda a empresa, apenas expõe como ela decide

Decisões feitas no início do ano merecem cuidado justamente porque são tomadas num ambiente de menor pressão.

Antes de assumir novos compromissos, vale observar se eles continuam fazendo sentido quando as pressões do dia a dia retornarem. Se dependem do silêncio para parecer viáveis, talvez não sejam tão sólidos quanto parecem.

Janeiro não é, necessariamente, o momento de acelerar. Muitas vezes, é o momento de observar, ajustar e confirmar, para que as decisões se sustentem quando o barulho voltar.


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