Se tomarmos a expressão ao pé-da-letra, design thinking é pensar ou planejar sobre a forma e a função de algo que se pretende construir. Também pode ser um processo mental para considerar ou raciocinar sobre alguma coisa, decidindo sobre sua forma e função. Mais recentemente está sendo conceituado, de forma mais ampla, como um processo para solução de problemas e geração de ideias inovadoras. É o famoso convite para pensar fora da caixa.
No desenvolvimento de ideias inovadoras, o uso do design thinking permite ampliar o leque de possibilidades de solução dos problemas apresentados, facilitando seu entendimento e concepção de soluções, por meio de equipes multidisciplinares e com base na interação dessa equipe com as pessoas que geraram o desafio inicial.
Na prática, posto o desafio sobre a mesa, a equipe deve buscar informações no campo e em suas experiências pessoais, que possam facilitar a compreensão do problema e gerar um conjunto amplo de possibilidades de soluções, que serão transformadas em produtos e serviços que devem ser testados, criticados e validados por membros da equipe de desenvolvimento e pessoas do público alvo.
Na aplicação do design thinking é possível usar uma série de ferramentas bem conhecidas: brainstorming, análise de SWOT, curvas de valor, desenhos, maquetes, modelos 3D, canvas, etc. Tudo que estiver disponível e possa contribuir para a solução do desafio pode (e deve) ser utilizado. Não há restrição nenhuma para a geração de insights por parte dos membros da equipe de desenvolvedores. A aplicação do conceito de design thinking pode ser dividida em 3 etapas:
1. Inspiração
Nessa etapa precisamos compreender qual é o desafio proposto ou qual problema real que estamos procurando solucionar.
A inspiração resulta do entendimento das necessidades reais das pessoas e como são suas experiências em relação ao problema. Nessa fase é sempre importante promover a interação da equipe do projeto e dos usuários e clientes. Mergulhar no problema é fundamental! Observe as pessoas e como elas lidam com o problema. Acompanhe seu dia a dia, entreviste o máximo de pessoas que puder. É preciso entender o que sentem, quais suas motivações, o que dizem e pensam. Muito provavelmente surgirão muitas dúvidas, que devem ser exploradas pela equipe de projeto como uma forma de ampliar a compreensão do problema.
Antes de seguir adiante, com base em todas as informações coletadas, reavalie o desafio inicial e verifique se ele ainda faz sentido. Ajustar o desafio é fundamental para chegar à uma solução adequada para seu público.
2. Ideação
Agora é hora de conceber ideias que possam solucionar o seu desafio. Nesse momento é preciso ser diverso, explorar vários aspectos diferentes do desafio proposto e não dispensar nenhuma ideia, por mais que possa parecer inadequada. Documente tudo, faça desenhos e construa protótipos, dê uma forma as ideias que sugiram.
Experimente os protótipos, teste, viva uma experiência e procure ter mais ideias sobre cada proposição. Os melhores testadores das ideias são os usuários, aquelas pessoas que estão envolvidas no problema. São elas as portadoras das melhores ideias sobre como desejam se atendidas e o que querem adquirir.
Receba as críticas e processe as mudanças e ajustes com base nelas, para que a solução seja, de fato, útil.
3. Implementação
Testados e revisados todos os protótipos, é possível eleger o melhor modelo de aplicação do negócio ou produto e partir para a construção da solução final, que ainda poderá ser melhorada na fase de finalização do projeto.
O resultado final pode ser a mescla das soluções desenvolvidas ou a escolha daquela que melhor atendeu as necessidades do público.
Cuidados na aplicação da metodologia
O primeiro cuidado é compreender completamente o problema e a extensão do desafio proposto. Também é relevante promover uma ampla investigação de campo acerca das dores reais das pessoas que vivem o problema. As experiências pessoais são extremamente ricas em informações que podem subsidiar ideias que realmente carregam a solução do problema.
Na fase de ideação, o maior cuidado para aplicação do método é evitar o cerceamento do livre pensar dos membros da equipe e o julgamento prematuro das ideias propostas. Cuide em aplicar um conjunto de testes relevantes e aceitar as críticas daqueles que serão os usuários da solução.
Por fim, use os erros como oportunidades. A identificação do erro colabora de forma substancial para a melhoria do produto.
Bora ter umas ideias?
Sobre o autor:
Jeferson Sena é sócio-diretor da Ninho Desenvolvimento Empresarial, especialista em projetos de organização e reestruturação de empresas, desenvolvimento, implementação e gestão de planejamento estratégico.
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