Em épocas de crise, a maior dificuldade enfrentada pelos empreendedores é a desaceleração da economia. As previsões desalentadoras geram um processo de contaminação das mentes e todos, como num efeito manada, assumem que a crise se instalou e, tomados por medo, retraem todas as ações de crescimento, mesmo aquelas que estavam funcionando corretamente.
Essa reação em cadeia paralisa a economia e a crise se instala de fato, confirmando o temor das previsões. O mais interessante é que esse fenômeno já é do conhecimento de grande parte do empresariado, mas as pessoas não conseguem se opor a ele, por conta dos encadeamentos que o fenômeno provoca.
As notícias dos meios de comunicação de massa alardeiam condições catastróficas. Aparentemente estamos à beira de um grande colapso da economia brasileira. As grandes empresas tomam medidas extremas e o Governo adota políticas para “salvar” a economia.
Todas as previsões alardeiam que esse será um ano em que não haverá crescimento do PIB brasileiro e isso é a maior evidência da grande dificuldade que o país está vivendo, contudo é preciso lembrar que não crescer não quer dizer que não houve geração de riqueza.
Em 2014 o PIB brasileiro foi R$ 5,512 trilhões (US$ 2,375 trilhões), o que nos posicionou como a 7ª economia do mundo. Em 2015 essa montante deve continuar na casa dos R$ 5,4 trilhões, ou seja, continuamos gerando riqueza, mas talvez não geremos sobras!
Um dos segredos para vencermos a crise, e até crescer na crise, é manter o negócio rentável, mas, nem sempre isso significa manter a rentabilidade que foi alcançada em outros momentos econômicos. Sua empresa está assim? Você consegue faturar mais do que gasta com a sua operação e guardar uma reserva para os dias de crise? É assim que se manterá rentável!
Em momentos delicados para a economia o que mais precisamos é de ações estratégicas inteligentes. As mais básicas são: reforço das ofertas de valor, fortalecimento da marca, estreitamento do relacionamento com os clientes.
Do ponto de vista financeiro é preciso pensar em redução de margens: ganhar um pouco menos para continuar ganhando. Do ponto de vista comercial o melhor é não majorar preços, mas evitar ao máximo a oferta de descontos. Talvez o ideal seja oferecer mais pelo mesmo preço.
Para tomar atitudes corretas acerca do que fazer em um tempo de crise, é primordial que os empreendedores consigam identificar corretamente o fenômeno que está vivendo. É comum tratar a crise como algo inesperado, que ocorre por conta de fatores exógenos, como foi a crise de 2008: Uma anomalia do sistema financeiro americano levou muitas economias mundiais à uma crise econômica séria.
O ciclo da crise
Mas nem tudo ocorre assim, de forma inesperada. As economias capitalistas vivem ciclos econômicos, caracteristicamente com 4 fases: expansão, retração, recessão e recuperação.
Apesar de não podermos determinar corretamente os períodos do ciclo, é possível perceber se a sucessão de fases caracteriza um ciclo econômico. Nesses casos, as ações devem considerar as classificações do ciclo em função das escolas econômicas, o que pode dar uma ideia acerca de sua duração e características.
Nos ciclos de curta duração (de 3 a 10 anos) as causas podem ser originadas por condições sócio-políticas que influenciam as diretrizes econômicas. Essas causas podem decorrer de ajustes fiscais, políticas monetárias ou regulação de renda e consumo.
Nesses casos as empresas devem ter foco no curto prazo e tomar medidas voltadas as suas estratégias comerciais e de finanças, buscando adaptar-se as condições estabelecidas pelas autoridades econômicas. Em geral as ações devem privilegiar a manutenção de mercados, preservação da saúde financeira da empresa e fortalecimento da marca.
Nos ciclos de média duração (de 10 a 20 anos) os movimentos são caracterizados por aumento da produção econômica resultante de investimentos aplicados a setores promissores da economia acompanhados pelo crescimento da renda per capta dos trabalhadores. As crises ocorrem com a saturação do mercado pela ampliação da concorrência combinada com uma redução do consumo.
Para vencer esse tipo de crise é preciso adotar uma visão de médio-longo prazos e estratégias que foquem na identificação dos setores econômicos que estão se beneficiando das mudanças e apostar em ações de fortalecimento econômico e de reposicionamento de mercado, oferecendo soluções e produtos que possam suprir as demandas para a próxima fase de expansão.
Por fim, os ciclos longos (50 anos ou mais) estão relacionados com transformações tecnológicas e culturais, que geram mudanças estruturais nas economias e expansão da produção econômica. Nesses casos as crises decorrem da perda do domínio tecnológico e da capacidade de competição em mercados já dominados, o que implicaria na retração econômica.
Nesse caso, o foco estratégico precisa estar no setor de pesquisa, desenvolvimento e inovação. As ações são de longo prazo e exigirá uma visão empresarial voltada à geração de novos mercados e ao protagonismo empresarial.
Sobre o autor:
Jeferson Sena é sócio-diretor da Ninho Desenvolvimento Empresarial, especialista em projetos de organização e reestruturação de empresas, desenvolvimento, implementação e gestão de planejamento estratégico.
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