A gestão da inovação deve ser sistematizada em um processo intimamente ligado com a estratégia da empresa. Deve fazer sentido para a cultura da organização e auxiliar de modo ativo a estratégia traçada para os próximos períodos.
É possível criar vários indicadores de resultados (como produtos lançados ou melhorias nos processos internos) para identificar as melhorias trazidas por este processo. Pode-se também fazer uma análise de toda a empresa em busca dos principais fatores responsáveis pela inovação, como ambiente, pessoas e cultura, entre outros.
A partir destas análises é possível estabelecer um plano de ação para alinhar os aspectos que impactam na inovação na empresa e garantir a melhoria contínua do processo. Neste sentido, um conceito que tem tomado corpo é o octógono da inovação, que conta com 8 elementos:
- Estratégia: O papel da inovação na estratégia, seu grau de alinhamento e impacto no atingimento dos objetivos macro da organização. Durante o planejamento estratégico é importante considerar a importância e utilidade da inovação nos negócios, para facilitar o desdobramento do plano de inovação.
- Liderança: Como principais agentes de replicação, é indispensável que os líderes da empresa considerem a inovação uma de suas prioridades durante a operação, incentivando seus liderados a investirem tempo e esforço em busca dos objetivos de inovação traçados na estratégia.
- Estrutura: Este termo trata-se da estrutura organizacional, que definirá como será tratada a inovação em meio à organização operacional. Empresas optam por distribuir a responsabilidade da inovação em todos os níveis da liderança e operação, enquanto outras centralizam a inovação na alta-direção e replicam apenas os resultados e metas específicas. Importante é ter essa estrutura bem definida e transparente.
- Relacionamento: Em um momento onde a inovação aberta ganha força, fica cada vez mais claro que inovar contando apenas com a equipe interna deixa o processo menos eficaz. Estabelecer relacionamentos com centros de pesquisa, clientes e fornecedores pode alavancar os resultados da inovação na organização, que terá acesso a mais ideias e pontos de vista.
- Pessoas: A gestão de pessoas para que o processo de inovação ganhe tração é muito importante. As pessoas devem ter a cultura da inovação interiorizada e a empresa deve entender qual melhor modo de estimular, reconhecendo e recompensando, as ações inovadoras dos colaboradores.
- Cultura: Talvez um dos aspectos mais complexos do octógono, criar uma cultura de inovação é um grande desafio da alta-direção. Os colaboradores devem se sentir incentivados a inovar e o ambiente deve ser sempre propício a isso. Uma forma de materializar esta receptividade à inovação é implementar premiações ou diretivas de trabalho (como destinar uma parte do tempo de jornada a atividades inovadoras, exemplo muito famoso implementado na Google).
- Processo: Para que as atividades tenham início, meio e fim, é importante a criação e implantação de um Processo de Gestão Estratégica da Inovação (GEI), onde uma metodologia será adotada para tratar as possíveis inovações identificadas. Em sua maioria funis de inovação serão definidos e um comitê de inovação será o responsável pelo andamento deste funil e início da implementação das ideias captadas. Cabe a cada organização desenhar este processo de forma mais aderente o possível à sua cultura e estratégia.
- Funding: Aspecto delicado que deve ser tratado com muita atenção, refere-se ao patrocínio das atividades e intervenções inovadoras que acontecem na empresa. Este capital tem o mesmo perfil do destinado ao já conhecido PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação), considera riscos e absorve erros, por isto deve ser muito bem dimensionado, para que impulsione a inovação dentro das possibilidades da empresa. Uma opção para disponibilizar mais capital para inovação é criar uma estratégia de captação de recursos (privados ou públicos), visto que é um tema largamente apoiado por agências de fomento e fundos de investimento.
É importante entender que os aspectos ligados à inovação, sejam eles definidos via octógono da inovação, radar da inovação ou qualquer outro método bem conceituado, devem evoluir de maneira harmoniosa, para que o resultado final aconteça de forma eficiente. De nada adianta uma grande disponibilidade financeira para inovação (funding) sem uma definição de como este recurso será aplicado (processo) ou a qual objetivo ele se destina (estratégia).
A evolução do processo de inovação dentro de uma empresa deve ser contínuo e equilibrado, com avaliações recorrentes da maturidade da empresa em relação aos aspectos inovadores e ações de melhoria nos pontos mais baixos identificados. A eficiência da gestão da inovação será alcançado pela melhoria contínua e a gestão de cada uma destas dimensões.
Sobre o autor:
Israel Wolf é Diretor da empresa Ninho Desenvolvimento Empresarial. Formado em engenharia de computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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