Inovação é um tema bastante amplo, são infindáveis os conceitos, aplicações e exemplos deste tema, que poderia facilmente ocupar todo este artigo. Pensando mais especificamente na inovação como balizador do investimento em projetos, uma definição muito interessante é a do professor Sílvio Meira, que diz “Inovação é a emissão de mais e melhores notas fiscais”. Esta frase, de forma sucinta, nos alerta que inovação deve levar soluções melhores ao mercado, que sejam mais eficientes, do ponto de vista do fabricante e/ou prestador, e mais eficazes, do ponto de vista do consumidor.

Um projeto inovador pode receber recursos em qualquer fase de seu desenvolvimento. Existem investidores, inclusive, com interesses específicos em cada etapa deste processo, desde a ideação até seu lançamento no mercado. Comumente, investimentos na fase inicial do projeto podem ser acompanhados de apoio estratégico na concepção do negócio, mas também exigem uma maior participação do investidor nos resultados do produto. Investimentos em momentos mais avançados do desenvolvimento englobam as primeiras ações de mercado e tem mais visão de negócio.

Em todas as fases do projeto é possível pleitear investimentos públicos, tanto subvenção econômica (não-reembolsável) quanto financiamentos subsidiados. Estes tipos de investimento são os mais “baratos” para o empreendedor, visto que o retorno que a agência de fomento espera é principalmente que o projeto seja executado e o produto lançado no mercado, fomentando a economia e garantindo a competitividade das empresas nacionais.

De acordo com o grau de inovação e escopo do projeto é possível escolher entre vários tipos de recursos a serem captados. Projetos com apelo mais social podem inclusive conseguir apoio da comunidade, por meio dos já famosos crowd funding, uma versão moderna da “vaquinha”.

Numa realidade um pouco mais próxima da maioria dos projetos, há duas opções interessantes:

Subvenção Econômica

• Auxílio financeiro não-reembolsável geralmente concedido pelo governo.
• Acontece por meio de editais, o que pode atrapalhar o timing do negócio.
• É a opção mais disputada, exigindo do empreendedor um projeto com alto grau de inovação e redação de alta qualidade.

Financiamento subsidiado

• Taxas de juros reduzidas comumente subsidiadas pelo governo, com o mesmo interesse de apoio das ações de subvenção.
• Permitem algumas atividades não cobertas pela subvenção, como produção dos primeiros lotes do produto e ações de marketing.
• Opção menos disputada e disponível por um maior período de tempo, possibilitando ajustes no projeto e contratação conforme necessidade do negócio.

Em 2015 há uma escassez de editais de subvenção, enquanto os últimos projetos aprovados nos editais de 2013/2014 estão se preparando para receber as parcelas da subvenção restante, ainda não foram anunciados editais federais ou regionais com o mesmo fim. Fontes que devem ser visitadas regularmente em busca de novos editais são BNDES, FINEP, FUNTEC, CNPQ e as FAPs estaduais.

A Funtec, Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis, lançou recentemente seu edital de Fomento às Ações de Inovação. Como opção de financiamento subsidiado. Há também o programa INOVACRED, que com a alta dos juros do mercado se tornou ainda mais interessante ao empreendedor. Como complemento do que se iniciou com a Chamada Pública TECNOVA, o INOVACRED existe com a intenção de alavancar os projetos inovadores e permitir que os mesmos cheguem ao mercado, finalizando o ciclo da inovação.

Independente da opção escolhida para a captação de recursos para projetos de inovação é importante estruturar o projeto seguindo uma metodologia bem aceita, como os conceitos do PMBOK-PMI, para que todos os aspectos sejam abordados de maneira consistente. Um projeto que busca investimento deve se atentar a alguns detalhes como:

• Ter seu escopo e cronograma muito bem definidos
• Ter seu orçamento condizente com o tamanho do projeto e suas pretensões
• Ser escrito de maneira clara e com dados concretos e não hipotéticos
• Ser uma solução relevante para a sociedade

O projeto precisa demonstrar seu impacto da maneira mais embasada o possível, com reais estudos de mercado e com o maior número de validações disponíveis. O empreendedor também deve demonstrar seu interesse no negócio, explicitando a contrapartida (financeira ou não) que acontecerá no projeto.

Como a busca pela por investimentos para fomento a inovação cresce, cada dia mais, estabelecer nas empresas uma cultura de documentação de projetos e ideias inovadoras passa a ser importante para a sustentabilidade do negócio. Assim será possível aproveitar melhor as oportunidades de investimento que surgirem, para tal, o Processo de Gestão da Inovação é uma ótima ferramenta a ser implantada.

Sobre o Autor:

Israel Wolf é Diretor da empresa Ninho Desenvolvimento Empresarial. Formado em engenharia de computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).